Bursite trocantérica / Síndrome Dolorosa do Grande Trocânter – SDGT
O que é?
As bursas ou bursae (do Latim) são verdadeiras bolsas de gordura preenchidas por um fluido “gelatinoso”, com o objetivo principal de proteger as estruturas peri-articulares (ossos, tendões, músculos) de contusões e evitar o atrito entre elas, permitindo o movimento livre das articulações.
A bursite trocantérica é caracterizada por uma dor na região lateral do quadril, piorada por movimentos como cruzar as pernas, fazer força para abrí-las ou deitar de lado sobre o quadril.
Muitas vezes, em casos mais intensos, a dor irradia por toda a coxa e glúteo. O termo “Sd. Dolorosa do Grande Trocânter” tem sido utilizado mais modernamente graças ao caráter mais abrangente da lesão (não puramente da bursa) e nem sempre inflamatório.

Figura 1: Região característica da dor provocada pela bursite trocantérica.
Quem sente?
Há predominância de acometimento entre as mulheres (cerca de 2 a 4 vezes a mais que em homens), podendo atingir 1 em cada 6 mulheres.
Embora a maior frequência seja próxima aos 50 anos, devido a sua multicausalidade, pode existir em qualquer faixa etária, especialmente entre atletas e esportistas amadores (especialmente corredores).
O que causa?
Potenciais fatores causadores da bursite:
- tensão da banda ílio-tibial (BIT) e fáscia lata contra a convexidade trocantérica (osso do quadril), gerando pressão e atrito excessivos nas bursas deste local;
- fraqueza e lesões dos glúteos médio e mínimo;
- traumas por contato direto repetitivo (como dormir de lado em superfície rígida);
- sobrecarga esportiva (associada a erro de treinamento).

Figura 2: Esquema mostrando as principais estruturas da região trocantérica (lateral) do quadril e bursas inflamadas.
Outros fatores podem piorar o quadro e impedir a melhora:
- problemas na coluna lombar;
- alterações intra-articulares (artrose, impacto fêmoro-acetabular, lesão do labrum);
- pubalgia, discrepância de comprimento das pernas e deformidades dos joelhos, por exemplo.
Como tratar?
Para sintomas recentes ou pouco intensos, medidas conservadoras convencionais podem ter sucesso em até 90% dos casos, como:
- correção de hábitos;
- fisioterapia e uso de gelo;
- controle do peso;
- medicações analgésicas e anti-inflamatórias;
- infiltrações com corticosteróides.
Infelizmente, a recidiva e o alívio apenas parcial das queixas não é raro.
Para estes casos, com dor há mais de 3 meses ou desconforto grande, medidas diferenciadas devem ser adotadas, aumentando a chance de cura:
- bloqueios (infiltrações) guiados por ultrassonografia e proloterapia;
- terapia por ondas de choque (ortotripsia);
- treinamento funcional personalizado;
- vídeo-endoscopia do quadril.
Cuidado
Nos casos refratários, em que diversos tratamentos foram tentados sem sucesso, pode haver outra causa mais grave para a dor, que deve ser excluída em uma avaliação com o especialista.
Casos simples, porém persistentes, podem levar a lesões mais complexas e de tratamento mais difícil.