Dor no Quadril
Anatomia
Habitualmente, os pacientes utilizam o termo “quadril” para designar qualquer área entre a coluna lombar baixa até a localização inguinal (virilha), passando pela região lateral da coxa.
Anatomicamente, isto abrange as mais diversas estruturas, cada uma com suas características e funções:
- articulações (quadril propriamente dito, sacro-ilíacas, interfacetárias, discos intervertebrais e sínfise púbica);
- músculos e tendões essenciais (psoas, glúteos, piriforme);
- nervos;
- bursas.

Figura 1: complexidade da anatomia da região pélvica, onde se localizam os quadris. São inúmeras as causas de dor, apenas de origem ortopédica, que podem surgir das distintas estruturas envolvidas. Para muitos pacientes, dor em qualquer localização na área do círculo azulado é caracterizada como “dor no quadril”. (Foram ocultados os músculos do lado esquerdo para facilitar visualização)
Características
Algumas características da bacia fazem com que ela seja fonte frequente de queixas:
- posição central no corpo humano;
- arcabouço de proteção de órgãos internos de variados sistemas (gastro-intestinal, ginecológico e urológico);
- elo entre o tronco e os membros inferiores (pernas).

Figura 2: para tornar o diagnóstico ainda mais desafiador, existem diversas causas de dor na região pélvica que não são de origem ortopédica, já que muitos órgãos internos estão alojados aí e protegidos pela bacia.
Desafio
Estas peculiaridades fazem com que a bacia receba estímulos e sofra consequências do que ocorre em todo o corpo.
O correto diagnóstico da dor no quadril (especialmente no adulto jovem) é um grande desafio.
É frequente pacientes que passaram por muitas consultas e vários especialistas, realizaram diversos tratamentos, porém todos sem sucesso.
Isto ocorre pela ausência da identificação precisa da real causa da dor.
Este quadro se torna angustiante e deixa o paciente e seus parentes ansiosos e frustrados.

Figura 3: Localização frequente da dor no quadril e diagnósticos mais comuns (ortopédicos). As setas representam potencial irradiação da dor.
Diagnóstico
O avanço da vídeo-artroscopia de quadril, a evolução dos exames de ressonância magnética e a disseminação da ultrassonografia permitiram melhor compreensão da anatomia funcional da pelve e quadril, maior acurácia diagnóstica e eficiência terapêutica.
De forma resumida, as seguintes etapas podem ser seguidas:
- Exclusão de etiologias não-ortopédicas para a dor (endometriose, infecções do trato urinário, doenças intestinais, outras);
- Exclusão de lesões da coluna lombar e seus diversos componentes (facetas, discos intervertebrais, raízes nervosas, ligamentos, etc);
- Verificar acometimento (exclusivo ou concomitante) de articulações adjacentes: sacro-ilíacas, sínfise púbica, quadril contra-lateral, joelho;
- Delimitar causas extra-articulares (bursite, tendinite, ressalto ou “estalo”, fratura por estresse, distensões musculares), intra-articulares (artrose ou artrite, impacto fêmoro-acetabular, lesão do labrum e cartilagem) e mimetizadoras (hérnia do esporte, pubalgia).
Duas ferramentas determinantes para o sucesso do diagnóstico e orientação do tratamento são:
- teste terapêutico com bloqueios guiados por ultrassom;
- avaliação biomecânica-funcional do movimento.
Atenção
É essencial identificar fatores psico-emocionais (estresse crônico e agudo, problemas familiares e no trabalho, doenças graves) e biomecânico-funcionais (desequilíbrios musculares, alterações posturais), que podem existir antes de gerar lesões, mas já são capazes de despertar dor.