Pubalgia
O que é e quais os sintomas?
A sínfise púbica é a articulação central na porção mais anterior da bacia. O termo pubalgia é amplo, referindo-se ao sintoma de dor gerado por uma série de transtornos na região baixa do abdômen e virilhas.

Figura 1: Região onde pode se manifestar a queixa de pubalgia.
A pubalgia do atleta / hérnia do esporte se apresenta como uma dor progressiva relacionada ao esforço, precipitada e muito piorada com movimentos de hiperextensão do tronco e abertura das pernas ou quando se faz força para juntá-las.
Pode haver queixas ao tossir e espirrar, além de dor genital.
Quem sente e quais os fatores de risco?
É queixa frequente em atletas, especialmente aqueles que praticam esportes com chutes, mudanças de direção, rotações, aceleração e desaceleração súbitas. Jogadores de rugby e futebol americano, corredores de longa distância e futebol (incidência de 3 em cada 5 já foi relatada).
Em geral, os homens são muito mais acometidos.
A principal explicação se baseia em um desequilíbrio entre forças musculares que agem em direções opostas, centradas todas no púbis, além de uma fraqueza relativa da parede abdominal.

Figura 2: esquema mostrando principais estruturas da região anterior do quadril (região inguinal) e púbis. Demonstração das forças opostas (setas azuis) agindo sobre a região do púbis – mecanismo semelhante ao “cabo-de-guerra”.
Como tratar?
O tratamento conservador tradicional (repouso, fisioterapia e medicações) mostra bons resultados em 41% a 100% dos casos, porém com períodos de até 1 ano de afastamento do esporte.
O uso de técnicas mais avançadas permite, sem a necessidade de cirurgia, retorno mais precoce ao esporte, baseando-se em:
- proloterapia e infiltrações regenerativas;
- reequilíbrio biomecânico e terapia manual;
- terapia por ondas de choque.
O tratamento cirúrgico tem mostrado resultados promissores na literatura, porém deve ser sempre a última alternativa, após falha das demais opções menos invasivas.
Cuidado
A permanência de um quadro de pubalgia por longos períodos sem tratamento pode culminar em degeneração (desgaste) da sínfise, com alterações definitivas.

Figura 3: em estágios iniciais, pode ser detectada a inflamação (seta vermelha) utilizando a Ressonância Magnética; a sínfise púbica (articulação) ainda está com aspecto preservado (seta amarela). Nestes casos, o tratamento atinge altas taxas de sucesso.
Muita atenção deve ser dada à presença de sintomas concomitantes em outras articulações, principalmente as adjacentes, como quadris, sacro-ilíacas e coluna lombar. Já está bem estabelecida a associação entre restrição de movimento destas articulações (como o impacto fêmoro-acetabular, por exemplo) e o desenvolvimento da pubalgia, graças à íntima relação biomecânica quadril-coluna.

Figura 4: radiografia da bacia evidenciando estágio avançado de destruição da articulação do púbis (seta vermelha) e concomitância de alterações nos quadris – presença de Impacto Fêmoro-acetabular tipo Came (seta amarela) e Pincer (tracejado branco). Provavelmente, o IFA foi a causa da pubalgia e a destruição articular ocorreu por ausência de tratamento adequado nos estágios iniciais.
Nos casos em que há concomitância de lesões, a correção de ambas (estagiada ou simultânea) eleva sobremaneira os índices de resultados satisfatórios.