SUMÁRIO

CONHEÇA O

ACESSO ANTERIOR EFICIENTE

ACESSO ANTERIOR EFICIENTE para PRÓTESE DE QUADRIL – “A Cirurgia do Século” em sua versão menos invasiva e mais inovadora.

O Acesso Anterior para Prótese de Quadril representa a maior evolução técnica na cirurgia de artroplastia desde o início dos anos 2000, quando se iniciou o uso das cerâmicas de última geração.

Os impactos gerados para os resultados e satisfação dos pacientes com o Acesso Anterior nos últimos anos tem sido significativos, se tornando a técnica de maior crescimento em todo o mundo e, atualmente, a mais executada nos Estados Unidos, Austrália e muitas regiões da Europa.

O Acesso Anterior Eficiente, técnica desenvolvida pelo Prof. Corten, foi criado como uma evolução do Acesso Anterior mais comum, com vistas a torná-lo ainda menos invasivo, mais seguro, prático, reprodutível e custo-efetivo.

Mesmo inovações em desenvolvimento como a cirurgia robótica, cirurgia digital computadorizada ou próteses customizadas (feitas para cada paciente de forma personalizada) ainda não demonstraram impactos tão marcantes para os resultados clínicos e satisfação dos pacientes como o Acesso Anterior.

É importante destacar que todas estas tecnologias são bem-vindas, apresentam vantagens potenciais, tem evoluído e podem ser utilizadas em associação ao Acesso Anterior, visando sempre a otimização de resultados.

As técnicas tradicionais para colocação de Prótese Total de Quadril já vinham sendo utilizadas desde a década de 70 com excelentes resultados, mas o Acesso Anterior Eficiente surgiu como uma evolução que busca manter as vantagens das principais técnicas consagradas e resolver os pontos negativos que estas apresentam.

Em suma, trata-se de realizar uma das melhores cirurgias de toda a Medicina, capaz de transformar completamente a vida, que é a artroplastia total de quadril (ATQ), pela técnica que oferece o retorno mais precoce e amplo às atividades diárias e esportivas. Tudo isso com ainda mais segurança e naturalidade.

Acesso Anterior Eficiente, a evolução da Artroplastia de Quadril!

Pioneirismo – minha história com o Acesso Anterior Eficiente

Fui formado por professores que sempre valorizaram muito os princípios das cirurgias minimamente invasivas e em centros onde as realizávamos com muita frequência (vide currículo), o que me fez ser um aficionado por oferecer aos pacientes o que houvesse de menos invasivo desde sempre.

Logo, ainda em 2012, quando tive contato pela primeira vez com a técnica do Acesso Anterior, foi como amor à primeira vista, explicável apenas pois acredito nos apontamentos de Deus para nossas vidas, já que pouquíssimos no mundo falavam sobre este tema.

Fiquei absolutamente encantado com a possibilidade de colocar uma prótese no quadril perfeitamente sem precisar cortar nenhum tendão ou músculo e tudo que isto poderia representar para a vida dos pacientes.

Após muito estudo e certa dose de audácia – pois sempre temos receio de alterar uma rotina que está trazendo excelentes resultados e satisfação aos pacientes, simplesmente buscando melhorar algo que talvez os pacientes nem percebessem tanto (imaginava eu, erroneamente…) – fiz meu primeiro caso em 2013.

Para minha surpresa, o resultado foi espantoso! 

Era uma paciente de São Paulo, operada por mim em Brasília, que teve uma recuperação fantástica, a ponto de me relatar o quanto ela, a família e a equipe de fisioterapia de uma grande instituição da capital paulista estavam todos maravilhados. Segundo suas próprias palavras: “todo mundo comenta como pode ter entrado uma prótese ‘por ali’ e ter feito tanta diferença” – já que jamais tinham visto uma cicatriz como aquela e uma recuperação tão rápida.

Naquele momento, era tudo o que eu precisava para me estimular ainda mais.

Resolvi investir tempo e dinheiro e dedicar os anos seguintes da minha vida ao aprimoramento e aprendizado pleno da técnica (se é que isto existe, já que estamos em constante processo de aquisição de conhecimento).

Trilhar um caminho diferente da maioria, saindo “do zero”, é extremamente árduo e trabalhoso, é preciso “dar a cara a tapa”, colocar “a pele em jogo”, e suportar com resiliência as críticas e a descrença de quem não consegue enxergar além do convencional.

Além da busca pelo conhecimento técnico e treinamento (livros e artigos, cursos, viagens de fellowship e eventos científicos), uma das coisas mais difíceis foi criar a infra-estrutura e organização logística para que tudo funcionasse perfeitamente, muitas vezes dependendo dos trâmites burocráticos que permeiam a importação de tecnologias novas.

Éramos pouquíssimos colegas neste país gigante, às vezes de vertentes distintas, superando nossos obstáculos para pavimentar um caminho que víamos se consolidar no restante do mundo, desejando colocar o Brasil e nossos pacientes em condições de igualdade.

Felizmente, nossos esforços têm trazido resultados, conquistamos a aceitação dos pacientes logo inicialmente e pudemos ajudar inúmeros deles, além de estarmos convencendo a comunidade científica nacional de que este é um caminho sem volta.

Hoje, após mais de 10 anos desde o primeiro caso e centenas de pacientes operados, sigo com a mesma paixão e admiração pela técnica, executando-a em praticamente todas as minhas artroplastias e cada vez mais empolgado com tudo que podemos oferecer aos nossos pacientes, certo de que valeu à pena tudo que vivi até aqui. 

Fui abençoado, foi como deveria ter sido, sair da zona de conforto dá trabalho, mas isto nos engrandece…em um dos momentos difíceis, uma paciente muito querida me encorajou carinhosamente: “siga firme, Dr. Inácio, mar calmo não faz bons marinheiros”.  Aquelas palavras nunca saíram da minha mente.

Minha gratidão especial aos Prof. Jorge Cruz de Melo e Kristoff Corten, que me receberam na Europa e me ensinaram pacientemente; aos amigos do Grupo Meu Quadril, que sempre acreditaram; à minha família, que compreende a ausência necessária em diversos momentos; a cada colega que compartilhou da mesma jornada e, sempre, a cada paciente e familiar que deposita seu mais precioso bem aos meus cuidados, que constantemente me estimulam a seguir neste caminho e me impulsionam com seus resultados e gratidão nos momentos de maior dificuldade.

Por que escolher o Acesso Anterior Eficiente?​

  1. Segue o trajeto mais anatômico e fisiológico (pela frente da coxa) dentre todas: apenas afasta as estruturas como músculos e tendões, sem cortar absolutamente nenhum deles! 

Resultado direto: potência muscular é mantida (menor inibição neuromuscular), levando à recuperação mais veloz dentre as técnicas para ATQ

  1. Músculos e tendões laterais INTACTOS (glúteos médio e mínimo, fáscia lata/glúteo máximo) 

Resultado direto: grande redução do risco de mancar quando comparado ao acesso lateral

  1. Preserva toda a estrutura muscular, ligamentar e capsular posterior: risco de luxação posterior praticamente nulo. 

Resultado direto: quase não há proibições no período pós-operatório recente quanto a sentar em locais um pouco mais baixos, dormir de lado e usar o vaso sanitário, por exemplo; além de um menor risco para esportes que utilizam muita flexão de quadril (surfe, lutas, ciclismo e triatlo, dentre outros tantos)

       4. Operação realizada com o paciente de barriga para cima:

– Maior segurança anestésica e controle clínico do paciente facilitado

– Maior praticidade e precisão para a realização de exames de imagem ou uso de tecnologias assistivas (navegação digital computadorizada ou alguns sistemas de robótica), facilitando o posicionamento ideal da prótese (maior fator relacionado à durabilidade do implante juntamente com a qualidade deste)

Vantagens que, além das técnicas convencionais, diferenciam o Acesso Anterior Eficiente do acesso anterior clássico

  1. Pode ser realizado em mesas cirúrgicas habituais, não requerendo mesas de tração ortopédica específicas (que apenas pouquíssimos hospitais ou fabricantes de próteses possuem).

– Esta característica se reflete em completa autonomia das escolhas do cirurgião e do paciente. Ou seja, ambos podem escolher o melhor hospital e a melhor prótese para cada paciente, livremente e sem interferências, sem condicionar estas decisões tão relevantes ao tipo de acesso escolhido.

* A escolha do implante ideal pode determinar o sucesso a curto, médio e longo prazo (durabilidade da prótese); e a do hospital influencia na segurança da cirurgia, redução dos riscos de complicações e melhor experiência para o paciente.

– Permite a democratização do acesso a uma técnica com tantas qualidades – não restringindo aos grandes centros;

– Durante a cirurgia, o paciente permanece deitado em posição funcional (como fica no seu dia a dia, na sua cama, por exemplo) – isto proporciona um posicionamento mais fisiológico da prótese, levando em conta todo o corpo (relações da coluna com a bacia, quadris e pernas – melhor equilíbrio espino-pélvico);

– Ambas as pernas ficam livres durante toda a operação, permitindo ao cirurgião fazer muitos testes de mobilidade e comprimento das pernas – maior número de checagens intra-operatórias visando garantir pernas simétricas e mobilidade ampla sem risco de luxação (deslocamento) da prótese;

– Não há grandes torções nem tracionamento da perna operada, evitando o estiramento excessivo dos vasos sanguíneos e nervos.

6. Cicatriz mais anatômica dentre todas as técnicas, conferindo o melhor aspecto estético já descrito (incisão tipo “biquini”)

– A incisão segue a linha natural da pele, na região da frente da coxa, próxima à virilha, ficando mais discreta e poupando completamente a região glútea;

– Contribui para a auto-estima por ser menor (usualmente cerca de 8 a 10cm), mais fina e, em muitos casos, praticamente imperceptível;

– Traz segurança, favorecendo a cicatrização em condições de pele de risco aumentado, tais como: doenças reumatológicas (artrite reumatóide, lúpus, espondilite, gota), diabetes, obesidade, deficiências nutricionais, questões vasculares, tabagismo e outras;

– Redução do risco de alteração de sensibilidade em pequena região da pele quando comparado ao Acesso Anterior Convencional (incisão longitudinal, reta).

No principal trabalho, 99,5% dos pacientes não se queixaram de tal sintoma marcadamente.

  1. Menor trauma tecidual levando a menor reação inflamatória pós-operatória, graças ao uso de dispositivos especiais descartáveis e instrumentos próprios minimamente invasivos, que também possibilitam um menor número de auxiliares/pessoas na sala cirúrgica, reduzindo o risco de contaminação/infecção

– Em virtude da maior preservação dos tecidos e mínima invasividade, há maior conforto e autonomia no pós-operatório, com a maioria dos pacientes não referindo dor nem requerendo medicações potentes

– Com medidas auxiliares específicas, o sangramento intra-operatório é mínimo, praticamente nunca sendo necessária transfusão sanguínea

– No pós-operatório, por não haver sangramento pela incisão, o paciente permanece com o curativo especial impermeável e antibacteriano sem a necessidade de trocas – mais conforto, segurança, independência e sensação de “não ter sido operado”

– Nas mãos de um cirurgião com experiência e utilizando todos os recursos do Acesso Anterior Eficiente, é possível realizá-lo com sucesso em casos cada vez mais complexos, como: artroses decorrentes de doenças da infância e juventude (Legg-Calvé-Perthes, displasia do quadril ou DDQ, epifisiólise do fêmur), pernas com encurtamentos maiores ou deformidades e pacientes musculosos ou obesos, por exemplo (no mais recente levantamento estatístico dos nossos casos, 95% das artroplastias foram realizadas por esta técnica nos últimos 4 anos).

Em suma, que resultados você deve esperar após uma Prótese do Quadril feita por Acesso Anterior Eficiente?

(vide Referências Bibliográficas) 

– Recuperação funcional mais rápida dentre as técnicas

– Capacidade de realizar mais coisas nos primeiros meses após a cirurgia, incluindo esportes

– Pós-operatório mais confortável e com menor necessidade de medicações

– Menor tempo de internação (apenas algumas horas internado, nem mesmo 1 dia)

– Padrão de marcha mais natural mais rapidamente (caminhar sem mancar e subir/descer escadas)

– Segurança para viajar após pouco tempo da operação

– Cicatriz (tipo “biquini”) discreta, com melhor aspecto estético dentre todas, poupando toda a região glútea e lateral da coxa

– Segurança quanto às mais temidas complicações, como luxação ou infecção, com índices muito próximos a ZERO

– Escolha da melhor prótese e hospital para a sua cirurgia

– Pernas mecanicamente simétricas, em equilíbrio natural com a coluna vertebral

– Próteses com o tamanho e posicionamento ideais para os seus objetivos, almejando a maior durabilidade possível 

– Possibilidade de indicações cada vez mais amplas, permitindo que casos mais complexos tenham acesso a esta opção técnica

De forma sucinta, uma cirurgia de Prótese de Quadril via Acesso Anterior Eficiente bem sucedida vai muito além da ausência de dor e vida cotidiana com qualidade; ela visa que estes objetivos prioritários sejam alcançados de forma ainda mais rápida e ampla, com enorme segurança e mínima invasividade, trazendo uma vida completamente plena, sem dor ou limitações, com esportes e lazer, idealmente, se esquecendo de ter passado por uma cirurgia (forgotten hip).

Na minha experiência, corroborada por grande parte da literatura, esta técnica trouxe à Artroplastia do Quadril vantagens diretas no intra-operatório que levam a benefícios ao paciente a curto, médio e, potencialmente, longo prazos.

* Nota de esclarecimento (disclaimer): é de extrema relevância ressaltar que, em Medicina, cada caso é um caso, nada se aplica a 100% das situações. É indispensável a avaliação individualizada por meio de uma consulta médica para análise detalhada e cuidadosa, esclarecimentos específicos, compreensão dos desejos, expectativas e sonhos de cada paciente, formulando uma proposta terapêutica completamente personalizada aos seus objetivos. Todas as informações descritas encontram embasamento na mais recente literatura científica, nas observações dos resultados de grandes centros visitados (com milhares de casos operados) e na experiência do autor de mais de uma década apenas com esta técnica específica. Condições de exceção não devem ser extrapoladas, consulte o seu médico.

O que caracteriza o Acesso Anterior Eficiente?

O Acesso Anterior Eficiente é um tipo de Acesso Anterior Direto no qual se buscou ser ainda menos invasivo, gerando menor trauma tecidual, o que pode impactar diretamente em maior segurança e maior conforto pós-operatório.

Além disso, se propõe a ser mais prático e rápido, com uma técnica precisa e reprodutível, o que permite expandir as indicações para casos mais complexos e oferecer liberdade de escolha de implantes (próteses) e hospitais.

O termo foi cunhado pelo Prof. Kristoff Corten e faz parte de um conceito mais amplo, o da Cirurgia Eficiente (Efficient SurgerY Concept), que oferece todo um processo mais eficiente, para que todos sejam beneficiados (pacientes, profissionais da saúde, hospitais e sistemas de saúde em geral).

Tecnica e especificamente, possui os seguintes diferenciais quando comparado ao Acesso Anterior comum:

– Realizado em mesas cirúrgicas convencionais, com as duas pernas livres e acessíveis ao cirurgião: permite mais testes contra a luxação, facilita a simetria no comprimento das pernas, posicionamento mais fisiológico da prótese, livre escolha da prótese e hospital

– Incisão de pele na linha natural (“tipo biquini”): cicatrização mais natural, trazendo segurança e o melhor aspecto estético já descrito

– Uso de instrumentais e dispositivos minimamente invasivos específicos: menor risco de contaminação e menor tempo cirúrgico, menor processo inflamatório e menor sangramento

*para compreender detalhadamente quais benefícios são gerados aos pacientes por cada um destes itens, vide tópico específico (link) e vídeo explicativo (link)

O Acesso Anterior Eficiente não possui nenhum ponto negativo? Não há nenhuma desvantagem?

A principal desvantagem do Acesso Anterior citada pela maioria dos artigos é ser uma técnica com uma difícil “curva de aprendizado” para a maioria dos cirurgiões. 

O que isso significa? Significa que muitos cirurgiões têm extrema dificuldade e levam muito tempo para aprendê-la. 

Isto ocorre porque seu aprendizado é mais difícil do que o das técnicas tradicionais, em parte pelo fato de ser uma técnica mais modernamente difundida, ou seja, nenhum de nós com mais experiência a aprendemos durante a nossa formação básica de Cirurgião de Quadril. Foi preciso irmos buscar conhecimento, treinarmos e nos habituarmos à técnica quando já operávamos há anos por outros métodos, e uma mudança desta natureza não é tão fácil.

Além disto, há uma complexidade intrínseca da técnica, tanto que muitos trabalhos descrevem grande número de casos executados como necessários para se adquirir a proficiência do método, alguns citando o mínimo de 100 casos realizados para tal. Isto é crucial para se evitarem complicações.

De modo geral, mesmo com as taxas de complicações sendo baixíssimas e comparáveis entre as distintas técnicas, são observadas complicações significativas quando realizadas por cirurgiões sem treinamento, inexperientes ou em condições não ideais.

A única potencial condição adversa intrínseca do Acesso Anterior é uma redução de sensibilidade em pequena área de pele da coxa, reversível na quase totalidade dos casos após dias ou semanas (situação semelhante é muito comum após cesarianas ou reconstruções do ligamento cruzado anterior do joelho, por exemplo).

Esta situação pode ocorrer devido à manipulação de um minúsculo nervo cutâneo chamado nervo cutâneo femoral lateral, mas é importante ressaltar que não há qualquer comprometimento funcional ou limitação, pois ele inerva exclusivamente uma região pequena da pele, além de haver resolução completa com o passar do tempo na imensa maioria, sem a necessidade de nenhum tratamento específico.

Vale lembrar, conforme já citado por aqui, que o Acesso Anterior Eficiente, por utilizar a incisão “tipo biquini” e instrumentos próprios minimamente invasivos, reduz ainda mais a incidência desta ocorrência (relembrando, no trabalho que descreve a técnica, 99,5% dos pacientes não relataram esta sensação).

Em contrapartida, os acessos tradicionais (lateral e posterior), por seus trajetos anatômicos, se realizados inadvertidamente, podem colocar em risco estruturas nervosas muito mais relevantes, como o nervo ciático e o nervo glúteo superior, por exemplo. Aqui, mais uma vez, percebemos o quanto a experiência do cirurgião é mandatória.

Muito importante destacar que grandes trabalhos com alto nível de evidência científica não demonstraram aumento de quaisquer outras complicações no Acesso Anterior em relação aos convencionais, especialmente se realizados por cirurgiões treinados e com expertise na técnica.

Em resumo, a maior parte das vezes em que alguma complicação é associada ao Acesso Anterior, ela advém da inexperiência do cirurgião em executar a técnica e não do acesso em si. Obviamente, não se fala aqui sobre os escassos riscos gerais intrínsecos a qualquer procedimento médico.

Exemplificando tudo isto, Kyriakopoulos et al fizeram uma revisão sobre o tema muito interessante, onde destacam os principais prós e contras do Acesso Anterior. Para se ter uma ideia, são citadas como vantagens percebidas em alguns trabalhos: menos dor e melhor função, assim como percepção dos próprios pacientes sobre estes aspectos, no pós-operatório precoce; menor tempo de internação hospitalar; menor índice de luxação; parâmetros de caminhada mais naturais em relação ao acesso lateral; e melhor posicionamento da prótese potencialmente pela facilidade de controle intra-operatório no Acesso Anterior. Quanto às desvantagens, mais uma vez ganha destaque como principal fator a “curva de aprendizagem” (experiência do cirurgião) e nem mesmo é citada esta possível redução de sensibilidade da pele próxima à cicatriz.

Por que o Acesso Anterior tem ganhado tanto destaque e conquistado a preferência dos pacientes?

Obviamente, agora que temos cada vez mais dados de análises das cirurgias já realizadas pelo Acesso Anterior nos últimos anos, fica evidente que a principal razão para que muitos pacientes optem por esta técnica são os impressionantes resultados demonstrados. Conforme descrito, ponderar as inúmeras vantagens do Acesso Anterior com praticamente nenhuma desvantagem marcante e intrínseca, é o principal argumento para esta escolha.

No entanto, neste tópico, me refiro à razão filosófica e histórica para os pacientes terem seu interesse despertado para o Acesso Anterior antes mesmo de conhecerem todas as qualidades técnicas e resultados, a qual explico abaixo.

Os tempos mudaram, o mundo hoje é completamente diferente de quando me formei no início dos anos 2000, por exemplo. A expectativa de vida aumentou consideravelmente, assim como a exigência de qualidade de vida e nível de atividade física em pacientes acima de 70, 80 anos, que viajam pelo mundo, se divertem, dançam, praticam esportes e são completamente independentes muitas vezes. Ao mesmo tempo, graças à evolução da qualidade dos implantes e por confiarmos cada vez mais na durabilidade destes, operamos cada vez mais pacientes extremamente jovens, de 20 a 50 anos de idade, que estão no auge de sua vida produtiva e construção familiar e de carreira. 

Tudo isto deixa claro que as exigências são muito maiores por parte dos pacientes atualmente, os detalhes fazem muita diferença no modo de viver atual, onde alguns dos benefícios do Acesso Anterior ganham muita relevância e destaque. Por exemplo, permanecer internado por apenas algumas horas em vez de dias, estar em condições de trabalhar, praticar esportes e curtir a vida mais precocemente e possuir uma cicatriz quase imperceptível são coisas que ganharam mais valor. Obviamente, tudo isso sem abrir mão das já consagradas qualidades de uma artroplastia de sucesso.

Marcadamente, o paciente dos dias de hoje sonha e deseja muito mais, muito além da ausência de dor e um cotidiano funcional…ele almeja um caminhar perfeito sem mancar, uma recuperação breve e confortável em poucos dias, retornar à sua plena prática esportiva ou iniciar novos esportes rapidamente, uma cicatriz que não chame a atenção e, sem dúvida, uma prótese posicionada idealmente para sua maior durabilidade e segurança.

Resta a nós, médicos, nos conectarmos aos sonhos destes pacientes com compaixão e empatia, buscando oferecer-lhes o melhor resultado possível e, claro, após analisar cada caso, sermos transparentes e francos quanto ao que pode ser entregue ou não, com base nas características técnicas de cada um.

Sem dúvidas, neste contexto contemporâneo da Artroplastia de Quadril, o Acesso Anterior é uma alternativa que se destaca fortemente.

Se o Acesso Anterior é tão bom, por que os outros médicos não o fazem?

Inicialmente, conforme já dito por aqui, a técnica do Acesso Anterior é a que apresenta o maior crescimento em todo o mundo, já sendo a mais realizada em muitas regiões do planeta (como nos Estados Unidos, por exemplo). Em paralelo, o Acesso Lateral direto (Hardinge) é o que mais perde adeptos atualmente.

Logo, o que temos observado no Brasil é o mesmo que observamos no restante do mundo no início dos anos 2000, apenas um atraso na adoção de uma técnica que inegavelmente tem trazido inúmeros benefícios aos pacientes.

Toda tecnologia inovadora passa por este processo denominado “curva de adoção de novas tecnologias”, onde o Acesso Anterior se encontra atualmente por ser uma técnica mais modernamente difundida. Durante este processo, sempre há os que abraçam uma ideia, acreditam nela e começam a desenvolvê-la, construindo a estrada, como fizemos eu e mais alguns colegas há cerca de 10 anos; e há os que preferem aguardar e pegar esta estrada já pavimentada, cada um por seus próprios motivos.

Desta forma, tenho razões para acreditar que é apenas uma questão de tempo, que a frase correta seria “outros médicos AINDA não o fazem”, pois antevejo um futuro onde as próximas gerações de cirurgiões de quadril realizarão majoritariamente o Acesso Anterior.

Adicionalmente, toda inovação requer um tempo para seu desenvolvimento e aprimoramento, quando pequenas falhas são corrigidas e funcionalidades otimizadas, e foi isto que nós fizemos na última década no Brasil, construindo condições muito mais favoráveis para o aprendizado das futuras gerações a partir de agora. Isto é extremamente gratificante.

Mesmo com mais facilidades nos dias de hoje, o aprendizado do Acesso Anterior e o treinamento para adquirir proficiência ainda impõem uma rígida “curva de aprendizado”, exigindo também investimento considerável de tempo, energia e dinheiro para tal; e isto desestimula muitos colegas, seja por um certo comodismo ou por convicção pessoal mesmo.

Ademais, vale ressaltar que a Artroplastia de Quadril bem executada, em condições ideais, por um cirurgião experiente, trará resultados excelentes na imensa maioria dos casos independente da técnica utilizada. Nem todo mundo possui as condições de ou deseja buscar melhorias da ordem de poucos pontos percentuais, algo que foi minha obsessão desde sempre (na minha visão, em saúde, 0,1% importam, pois estamos falando da vida das pessoas).

E, claro, há sempre quem não crê em todas estas vantagens do Acesso Anterior já publicadas e opta por seguir realizando a técnica que já executa com excelência.

Algo a ser combatido com o intuito de encorajar novos cirurgiões a se interessarem pelo Acesso Anterior é a desinformação e esta é uma das razões para eu ter estado nesta jornada de disseminar conhecimentos a respeito desta técnica nos últimos 6 anos ao menos.

Existem, ainda, colegas que reconhecem os benefícios que o Acesso Anterior pode gerar aos pacientes, porém não acham que se justifique o aprendizado da técnica, muito por não terem compreendido a mudança do mundo, com pacientes de perfis diferentes, buscando cada vez objetivos mais exigentes (já explicado por aqui em tópico anterior); ou por não entenderem o quão estes objetivos são importantes para cada paciente, compreendendo as suas dores individuais e se colocando no lugar de cada um. Ou seja, pode não haver uma conexão médico-paciente profunda o suficiente para alinhar expectativas, quando paciente e médico passam a ter o mesmo objetivo e valorizar os mesmos detalhes e conquistas.

Enfim, como me convenci em poucos segundos de que o Acesso Anterior seria o futuro logo que o conheci em 2012, talvez eu não seja a melhor pessoa para responder a esta questão. Apenas quis expor algumas hipóteses construídas ao longo de todos estes anos estudando, conversando com diversos colegas e ouvindo seus pontos de vista. Mas tenho certeza de que cada um deles tem suas justificativas e as explica a seus pacientes; isto é o mais importante, o direito à livre escolha, chegando a uma decisão compartilhada entre cirurgião e paciente na busca pelo melhor resultado, sempre embasada pela ciência, moral, ética, sinceridade e compaixão.

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